Adaptado de:
SANCHO, Teresa Sofia - A propósito de pão….
In: Nutrícias. Porto., nº nº 5. (Maio 2005). p.17-20. [digital]
[19-10-2013]. http://www.apn.org.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/Doc45.pdf
O Homem consome cereais há, pelo menos, 12000

Segundo diversos peritos, um alimento pode ser reconhecido
como funcional se se demonstrar cientificamente que apresenta um ou mais
ingredientes específicos com efeito(s) fisiológico(s) benéfico(s)para a saúde, com
redução do risco de doenças crónicas, para além da sua função nutritiva básica. O
alimento funcional, através dos seus componentes bioactivos, deve poder fazer
parte da alimentação comum e ser ingerido nas quantidades em que normalmente é
consumido.
O consumo de produtos cerealíferos é indicado, há décadas,
como uma estratégia de promoção da saúde e prevenção da doença, como muito bem
testemunha a Alimentação Mediterrânea. De facto, existe um
conjunto de evidências científicas que demonstram o papel benéfico que os
cereais de um modo geral, e o pão em particular, têm na saúde humana.
O pão fornece Hidratos de Carbono complexos, os quais
regulam, quer as concentrações de lípidos sanguíneos, através da sua influência
na absorção de substâncias gordas do tracto digestivo, quer a volémia, através
do seu efeito sobre o sistema endócrino. Uma parte dos Hidratos
de Carbono complexos do pão apresenta-se sob a forma de um amido resistente que
não sendo digerido no intestino delgado, passa para o intestino grosso. De
entre os seus efeitos fisiológicos na saúde humana destacam-se os benefícios a
nível do intestino grosso, com a prevenção ou tratamento de doenças do
cólon, nomeadamente o cancro.
Todavia, este amido está associado a muitas outras vantagens
metabólicas que conferem uma franca redução no risco de doenças crónicas como
as cardiovasculares e a diabetes tipo 2, designadamente redução dos níveis
sanguíneos de glicose e insulina pós-prandiais, diminuição dos níveis
séricos de colesterol total e triglicerídeos, e aumento do colesterol-HDL. Acresce
ainda a capacidade de melhorar a sensibilidade à insulina, aumentar a saciedade
e reduzir o armazenamento de gordura corporal. O pão pode também ser
particularmente importante como veículo de nutrientes ou certos componentes com
efeitos funcionais.
Para além das vantagens nutricionais, referidas
anteriormente, o pão de mistura de trigo e centeio pode trazer também
benefícios funcionais, dado que o pão de centeio conduz à redução do colesterol
total devido a mal absorção dos ácidos biliares e colesterol e a uma baixa resposta
insulínica pós-prandial, independentemente do seu conteúdo em fibra. De
facto, o pão de centeio, tem um índice glicémico(IG) mais baixo do que o de
outros tipos de pão.
Assim, o “pão teoricamente ideal”, ou seja, com
características de alimento funcional, deveria ser preparado com farinhas
provenientes duma mistura de cereais (trigo, centeio e aveia), com pouco sal,
levedado com massa velha adicionada de fermento derivado da fibra e cozido num
forno a temperatura moderadamente baixa!
Sem comentários:
Enviar um comentário